segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tem beijos e Beijos


Estava de ressaca - como sempre. Era início da tarde de sábado. Cervejas, ar-condicionado, amigos e uma noite de puro axé (estamos em fevereiro) te proporcionam isso. Me lembro de meu corpo nocauteado na cama. Sem forças para ir ao banheiro e dar sequer aquela urinada monumental pós-festa. Lembro também que o celular fazia barulho demais. Mas isso tudo eram apenas nuances. 

A relação com minha mãe é tensa. Tensa porque há amor. Tensa porque tem briga todo dia. Tensa porque somos a mesma pessoa, porém com órgãos sexuais diferentes. Sempre foi assim, sempre será. Porém o sábado reservava um deleite que até agora me faz refletir o que senti no início daquela tarde.

Minha mãe, a Vivi, tinha me deixado dito que iria passar o final de semana na praia. Falou aleatoriamente durante uma ida ao supermercado. Acho que foi isso. Eu disse: "Que bom! Tem que ir mesmo!". Ela foi.

Antes dela sair para aproveitar os dias de folga, um ato que, como disse, está presente até agora em meu cerebelo: o de abrir a porta do meu quarto, de tascar um beijo no rapaz derrotado na cama após mais uma noitada e dizer "filho, tô indo pra praia. Aproveita o final de semana!" Beijo molhado, estalado e com "bê" maiúsculo.

Esse beijo. Esse gesto.

A Vivi é sempre carinhosa comigo, apesar das gritarias lá em casa. Apesar das controvérsias do nosso cotidiano familiar. Mas esse beijo, essa despedida, me reavivou o sentimento "amor de mãe". Não, não estou dizendo que são raros estes momentos no nosso lar. Mas esse gesto de entrar no meu quarto, ir até mim, me beijar e falar ao pé do ouvido me fez lembrar a época que ela me tapava lá pelas nove e pouca da noite e dizia para um guri chamado de "pilha" por alguns que era pra eu sonhar com os "anjinhos".

Foi um mimo revival. Um mimo que está até agora me deixando impaciente com a hora de chegar em casa e dar um abraço e beijo nela e fazer a pergunta: "como foi o teu final de semana, mãe?"

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